sexta-feira, 27 de julho de 2018

Sobre o português brasileiro

Quando me perguntam: "Você quer que eu vou?"
Em pensamento respondo "vá" balançando a cabeça positivamente.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Sobre o português brasileiro

Em um restaurante, pergunto a senha do Wi-Fi.
O garçom responde: - "paratchi".
O celular anuncia: "SENHA INCORRETA".

domingo, 6 de outubro de 2013

quinta-feira, 14 de março de 2013

Dia da poesia


É quando eu olho as letras
As palavras todas agrupadas
É quando elas estão em harmonia
Que se fazem presente no dia a dia

No bilhete, no papel, no jornal
Mesmo que elas façam mal
Não tenho do que reclamar
Elas findam, não como o mar

Mas de outra forma informa
E quando ela não se transforma
Eu prefiro que ela se mova
Para que ela me comova
– poesia.

Renato César

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

DO NONSENSE DA TELEVISÃO



É inegável que os meios de comunicação – jornal impresso, rádio, televisão e, hoje, Internet – desempenham um papel importante na sociedade. É por meio desses canais de informação que temos acesso às notícias do esporte, da política, da sociedade em geral, e quando se diz geral é geral mesmo. Porém, seria mesmo inteligente da parte do leitor do jornal, do ouvinte do rádio, do telespectador e do internauta confiar em toda sorte de informação transmitida pelos diversos meios sem que eles tivessem feito antes uma reflexão sobre sua forma de organização, sobre a sua filosofia e posição social e política, enfim, sobre suas tessituras e retalhos informacionais? No atual contexto social, sendo a televisão, ainda hoje, o meio de comunicação mais usado pela população, questiona-se: qual é o seu papel na sociedade?
Quando se pensa em meios de comunicação o que vem a nossa cabeça é sua função informativa, mas quando se pensa a televisão como meio de comunicação as concepções se distorcem, e até mesmo, se confundem. A começar por seus administradores, que, defendem este ou aquele ponto de vista, esta ou aquela posição partidária, ou seja, a informação é sempre contada pela metade, aliás, ela é às vezes omitida. Nos anos idos da ditadura um certo canal televisivo se associou aos anseios dos militares, os apoiando, afinal, ninguém estava louco a ponto de desafiá-los, o papel dessa televisão era manter a sociedade calada, usando a alienação como meio de controle social.
Vencida a ditadura a televisão ganhou uma tal liberdade que extrapola os limites, chegando a assumir uma tal libertinagem que ascende os degraus do nonsense. No final dos anos 80 o rock nacional despontava e despertava a rebeldia (a boa rebeldia) juvenil, falando em rock, um dos momentos bizarros e irônicos da TV se deu no Cassino do Chacrinha quando Os Titãs interpretaram a música “Televisão”. Pergunta-se: “a ironia estava no fato de a banda estar criticando a televisão em um programa de TV ou de a televisão estar tirando sarro de seus telespectadores ‘burros’?” Questão sem resposta. Chega-se aos 90 e o papel alienador dos meios de comunicação continua, agora a população estava segurando o tchan e descendo na boquinha da garrafa, enquanto um político é cassado e sofre impeachment, este político que, aliás, tinha um sistema de televisão a seu favor. Nos nossos dias assistimos, como outrora, a máxima de Rousseau de que “o homem nasce bom e feliz, mas a sociedade o corrompe” – televisão corrompe a sociedade.
Assistimos hoje a assunção do quarto poder e do nonsense já interpretado pelo teatro do absurdo – déjà vu? A televisão informa para seus telespectadores que eles precisam dela, haja visto a casa que ela reforma, a viagem de volta à terra natal que ela promove, o namorado ou a namorada que ela arruma... Não importa se aqueles que se submetem aos programas televisivos sejam envolvidos em situações de total desconforto e constrangimento. Além de todos estes benefícios que a TV promove aos telespectadores, ela faz de anônimos celebridades, vale dizer, pessoas que não têm um mínimo de senso crítico sobre seu papel na sociedade, e nós já fomos mais inteligentes (Carlos Nascimento).
Diante deste show de horrores, da vida posta a mostra, da exposição ao ridículo, da falta do senso crítico negado à sociedade, a Internet aparece como meio de comunicação da livre expressão, onde todas as vozes podem ser ouvidas, onde as opiniões não são castradas. Seria a Internet o meio de contestação da sociedade pós-moderna? Tem-se com ela a liberdade de crítica e formação de pensamento ativo, porém, resta-se perguntar até quando.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Je pense donc je suis*

J'écoute donc j'existe
Je parle donc j'existe
Je lis donc j'existe
J'écris donc j'existe
Réfléchissez
"Je pense donc je suis"

* Merci, René DESCARTES.

Renato César

domingo, 3 de junho de 2012

Mundo acabado


Quando cheguei ao mundo fiquei bestificado como tudo era tão no seu lugar, tudo era tão metrificado, milimetricamente planejado para aquelas pessoas de movimento, até os animais eram perfeitamente envolvidos no metro. Formas redondas, quadradas, cúbicas, angulares, alinhadas etc. Fisicamente tinham todos números para todos, até psicologicamente a medida era certa, o som, o cheiro, a voz, a palavra, a imagem etc.
Visto, logo sou, olho, logo quero, penso, logo não posso mais dizer o que estou pensando. Ter é ser, o ser foi bem esquecido.
Um dia, andando por aí, coloquei uma camisa milimetricamente tendo forma de tórax, entrando nos braços encaixando-se certamente, as calças subiram de modo que entrou nas minhas duas pernas sem sobrar perna e ainda coloquei o cinto que depois virou uma convenção da sociedade para se tornar mais elegante, envolto a cintura. Os pés levavam uma meia que amaciava, e na verdade nem precisava, para recepcionar os tênis que entram juntamente com os cadarços para fixar e segurar nos pés. Em cima a frente dos olhos coloquei os óculos com suas duas lentes que melhoram o olhar, mas não nos melhora, e sua haste encaixava por cima das orelhas onde os buracos recebiam os fones de ouvido que trazia um heavy metal pesado, som vindo diretamente digital de um cartão de memória amnésica lido pelo celular ultrapassado de outra geração.
Deste modo vestido fui enfrentar um mundo praticamente inacabado teoricamente acabado. Este mundo não se encontra com o meu, meu caráter é outro.

Renato César